O saudoso pastor e escritor George Vandeman costumava contar a história de um homem que ao completar bodas de ouro disse ter recebido de seu pai um presente que, segundo ele, explicava a durabilidade de sua união. Então mostrava um pequeno relógio de bolso e ao abri-lo para observar as horas na parte interna podia se ler a mensagem:
Diga, hoje, alguma coisa bonita para Sara.
Embora essa história revele um aspecto sublime do amor, dedicar boas palavras,
não é o que ocorre na maioria dos lares. De maneira geral em grande parte dos
lares é a censura e a recriminação que predominam sobre as manifestações de
bondade e amabilidade. Em alguns casos parece ser verdade o que desabafou certa
esposa: Casamento é trocar a admiração de vários homens pela critica de um só.
Um estudante de psicologia que acompanhou o
dia-a-dia de muitos lares observou que 90% das referências de um para o outro
no lar são feitas em estilo de crítica. A crítica é perniciosa porque destrói o
amor nos relacionamentos. Muitos cônjuges vivem tristes e inseguros porque são
alvos de críticas, ou do uso constante de palavras de reprovação em seu lar. A
crítica destrói a autoconfiança e a segurança interior. Pude constatar essa
realidade quando conversei com Isabel, uma jovem esposa que enfrentava algumas
dificuldades em seu casamento. A certa altura ela desabafou. Paulo, meu esposo,
tinha o costume de me recriminar diante de outras pessoas. Certa vez, ele me
criticou duramente na presença de convidados durante um jantar. Senti-me
envergonhada e humilhada. Agora não posso me sentir segura na presenença
de outras pessoas, principalmente se meu marido estiver por perto.
CRÍTICA:
POR QUÊ?
Não existe uma arma mais eficaz para destruir o
amor e o respeito próprio no outro do que o uso constante de palavras de repreensão
ou reprovação. Nesse aspecto a Bíblia revela grande sabedoria por meio do rei
Salomão, quando afirma que a vida e a morte estão no poder da língua. Pv.
18:21. Lábios que se moldam apenas para criticar afastam os beijos, afirmou
George Vandeman. Quase que em sua totalidade a crítica tem como base orgulho e
o egoísmo.
Aquele
que critica quase sempre deseja mudar os outros segundo suas expectativas.
Quando meus gostos, preferências e necessidades estão sempre em primeiro plano,
então os outros podem ser vistos como inconvenientes e, por isso, posso me
valer da crítica para atingi-los. A crítica, então, pode se tornar uma arma
para enfraquecer ou desestabilizar a segurança, ou a autoconfiança alheia.
Alguém com um ego frágil e suprimido é mais facilmente influenciável e
submisso. Por outras ocasiões a crítica nasce da inveja, ou da sensação de uma
baixa auto-estima. Emoções e deficiências que não aceitamos em nós mesmos são
projetadas sobre os outros se tornando uma manifestação da própria rejeição.
Existem
quatro atitudes perigosas que, por vezes, desencadeiam ou servem de anteparo à
crítica:
1) O QUE
VOCÊ FALA PARA ELE OU PARA ELA
Na
intimidade da vida a dois, sobre o que apreciamos conversar com o outro? Na
comunicação mútua, a respeito do que gostamos de conversar com o cônjuge?
Apreciamos destacar as virtudes do outro, ou sempre nos apegamos aos defeitos?
Há cônjuges que são muito tímidos quanto a fazer elogios, mas são hábeis
felinos quando precisam criticar ou censurar. Há muitos que por orgulho, ou por
timidez defensiva não manifestam palavras de aprovação. Preferem silenciar-se
ou deixar as boas palavras subentendidas. A indiferença acaba por embotar e
destruir o amor.Um bom
exercício para muitos reativar o amor e o respeito mútuo, seria se disciplinar
a passar dias sem destacar nenhuma qualidade negativa do outro. Não proferir
nenhuma palavra de recriminação e censura, mas enfatizar apenas as atitudes
positivas. Caso seja necessário devem fazer uma lista das boas qualidades do
cônjuge para servir de guia. Tal atitude tende a fortalecer o amor e aumentar o
respeito próprio.
1.
O QUE VOCÊ FALA DELE OU DELA
O que nós falamos a respeito do nosso cônjuge
para os outros revela, em grande parte, nossos sentimentos por ele. Diante dos
outros apreciamos destacar suas qualidades e virtudes, ou aproveitamos para
censurá-lo? Quando têm oportunidade, muitos gostam de fazer deboches ou
piadinhas mordazes
e sarcásticas sobre seu parceiro para os outros. Alguns apreciam se queixar do
parceiro para os outros a fim de obter simpatia ou ganhos secundários. Isso
pode ser considerado uma espécie de traição, pois apaga o amor e cria
desconfiança.Todo
aquele, porém, que deseja investir no sucesso do seu relacionamento deveria
cultivar o hábito de falar bem do outro, principalmente diante de outras
pessoas. Ainda que o outro não seja possuidor de grandes virtudes, devemos
enfatizar aquelas que podemos valorizar. Isso colabora para que o amor floresça
e o vínculo se fortaleça entre os dois.
1.
QUANDO VOCÊ USA: VOCÊ SEMPRE – VOCÊ NUNCA
Estas
expressões radicais são geralmente usadas quando numa discussão partimos para o
ataque ou para a autodefesa. Elas quase sempre são injustas e exageradas e
tendem a esquecer as boas qualidades do outro e as alegrias que já nos
proporcionou. Se quisermos cultivar o amor e autoconfiança, não devemos fazer
uso desses jargões que, além de agravar os conflitos, acaba por extinguir o
amor em nossos relacionamentos.
2) QUANDO
VOCÊ TENTA MACHUCAR BRINCANDO
Em muitas
ocasiões podemos nos valer de gracejos e da ironia para magoar e ferir. Alguns
usam do escárnio para dizer de forma despretensiosa grandes verdades que
deprimem e machucam. Quase sempre a desculpa para a reparação é a mesma: Mas eu
estava brincando! Por vezes, grandes verdades são ditas em forma de
brincadeiras, mas nem por isso diminuem seu impacto e destruição. Ser
cuidadosos e sensíveis com as emoções do outro é fator crucial para o bom
relacionamento. Se quisermos fortalecer o amor devemos ser prudentes e
contenciosos quanto a esse aspecto.
O CAMINHO
DA RESTAURAÇÃO
Aquele
que deseja manter relacionamentos duradouros e confiáveis não deve abdicar da
arte de fazer elogios. O psicólogo e escritor George W. Crane afirmou que o
elogio é o primeiro passo na arte de amar as pessoas. Em seu livro: Sete
Necessidades Básicas da Criança, John Drescher relata como Benjamim West,
tornou-se pintor. Certo dia, sua mãe o deixou em casa com a irmã Sally. Ele
encontrou alguns vidros de tinta e decidiu pintar o retrato de Sally. Enquanto
fazia isso sujou toda a cozinha. Quando a mãe retornou não disse nada sobre a
cozinha. Apanhando o papel em que ele desenhava, ela exclamou: Veja! É Sally e
lhe deu um caloroso beijo. West contou que o beijo de sua mãe naquele dia fez
dele um pintor. Nas relações familiares o uso de boas maneiras e palavras
amáveis têm um poder infinitamente mais eficaz do que a crítica, e alcança
resultados mais duradouros. A crítica degrada, deprime e desestimula, mas o
elogio é um bom alimento. Há no coração humano um desejo intrínseco e natural
de ser apreciado. Quando começamos a admirar e elogiar, abrimos um vasto
caminho para o amor.
Eronildes
de Nicolas
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